Redução da polifarmácia em Idosos

A desprescrição é o processo de diminuição ou interrupção de drogas, com o objetivo de minimizar a polifarmácia e melhorar os resultados do paciente.

A polifarmácia inadequada, especialmente em pessoas idosas, impõe uma carga substancial de eventos adversos de drogas podendo levar a hospitalização e, até mesmo a morte. O mais simples e importante preditor de prescrição inapropriada e risco de eventos adversos de drogas em idosos é o número de medicamentos prescritos.

A desprescrição é o processo de diminuição ou interrupção de drogas, com o objetivo de minimizar a polifarmácia e melhorar os resultados do paciente. A evidência de eficácia para desprescrição é proveniente de ensaios randomizados e estudos observacionais.

O JAMA (Journal of the American Medical Association) publicou um artigo em que propôs um protocolo de desprescrição que compreende cinco etapas:

1-Verificar todas as drogas que o paciente está atualmente ingerindo e os motivos para cada uma:

  • Peça aos pacientes que levem todos os medicamentos para consulta.
  • Peça que informem quaisquer medicamentos regularmente prescritos que não estão sendo tomados e, em caso afirmativo, o motivo (por exemplo, preço, efeitos adversos).

2-Considerar o risco geral de dano induzido por drogas nos indivíduos:

Determinar e avaliar o risco de acordo com:

  • Fatores das drogas: número de medicamentos (preditor mais importante), uso de drogas de “alto risco”, toxicidade atual ou passada.
  • Fatores do paciente: idade acima de 80 anos, comprometimento cognitivo, comorbidades múltiplas, abuso de substâncias, prescritores múltiplos, a não-adesão passada ou atual.

3-Avalie cada medicamento por sua elegibilidade para ser descontinuado:

A- Dano real ou potencial de um medicamento supera claramente qualquer benefício potencial

B- Medicamento de controle de doenças e / ou sintomas é ineficaz ou os sintomas estão completamente resolvidos

C- É improvável que a droga preventiva confira qualquer benefício importante para o paciente sobre a vida útil restante do paciente

  • Identificar medicamentos prescritos para um diagnóstico não confirmados; Identificar medicamentos prescritos para contrariar os efeitos adversos de outras drogas.
  • Identificar “fármacos para evitar” em pacientes mais idosos (tratamento agressivo de HAS e DM).
  • Identificar medicamentos contraindicados em pacientes específicos (por exemplo, bloqueadores de β em um paciente asmático).
  • Identificar medicamentos que causam efeitos adversos bem conhecidos.
  • Pergunte ao paciente: Desde que você começou a usar este medicamento, houve uma grande diferença que em você preferiria continuar? E considera interromper o uso da droga se a resposta for não.
  • Pergunte: Você ainda está com sintomas? (tosse, dor de cabeça, dispepsia, etc.) Você sente que ainda é necessário um medicamento? Considere suspender o uso do medicamento se a condição alvo for autolimitada, leve, intermitente ou passível de intervenções não invasivas (por exemplo, mudança na dieta, uso de álcool).
  • Determine as expectativas e preferências do paciente – a qualidade de vida atual é mais importante do que o prolongamento da vida ou prevenção de futuros eventos mórbidos? Identificar medicamentos improváveis de conferir benefício durante a vida útil restante do paciente.
  • Pergunte ao paciente: Além dos efeitos colaterais, existem outras preocupações que você tem com seus medicamentos? Identificar medicamentos particularmente difíceis (por exemplo, dificuldade em deglutição de comprimidos grandes, alto custo, requisitos de monitoramento).

4- Priorizar drogas para descontinuação:

Decidir a ordem de descontinuação de drogas pode depender da integração de 3 critérios pragmáticos:

  • Drogas com maior prejuízo e menor benefício;
  • Drogas mais fáceis de descontinuar, ou seja, a menor probabilidade de reações de abstinência ou recuperação da doença;
  • Drogas que o paciente está mais disposto a descontinuar primeiro.

5- Monitorar drogas e regime de descontinuação:

Cessar 1 droga por vez, de modo que os danos e benefícios possam ser atribuídos a medicamentos específicos e corrigidos (se necessário).

Comunicar planos e contingências a todos os profissionais de saúde e outras partes relevantes (cuidadores, familiares) envolvidos em cuidado do paciente.

Documentar completamente os motivos e os resultados de desprescrever.

Este protocolo de desprescrição é extremamente importante e, apresenta como essência, ouvir o paciente falar sobre sua experiência diária com as medicações. A escuta atenta, certamente, é a principal arma para uma desprescrição eficaz e segura.

 

 

Dra. Eliza de Oliveira Borges

Geriatra 

CRM-GO: 14388
RQE: 9751

  • Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Goiás;
  • Residência em Clínica Médica pelo Hospital de Urgências de Goiânia ( HUGO);
  • Residência em Geriatria pelo Hospital de Urgências de Goiânia;
  • Titulada em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG);
  • Pós – graduação em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamérica / Medicina Paliativa, Buenos Aires- Argentina;
  • Preceptora da Residência de Clínica Médica do Hospital  Alberto Rassi- HGG;
  • Integrante do Núcleo de Apoio ao Paciente Paliativo ( NAPP), Hospital Alberto Rassi- HGG.
  • Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Seção Goiás (Gestão 2020 a 2023).

 

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