Obstipação nos idosos está associado ao envelhecimento e vários fatores
O envelhecimento está associado a alterações funcionais no organismo que contribuem para obstipação ou constipação intestinal. A fraqueza da musculatura pélvica, a lentificação do trato gastrintestinal, a menor quantidade de água na luz intestinal são fatores predisponentes para a obstipação intestinal no idoso. Fatores extrínsecos se somam para a ocorrência dessa condição em muitos idosos, especialmente mulheres idosas: nutrição pobre em fibras, ingestão hídrica insuficiente, inatividade física e polifarmácia. O histórico familiar de constipação também deve ser considerado.
A obstipação não é uma doença, mas um sintoma de vários distúrbios intestinais e extraintestinais. Considerada uma das queixas digestivas mais comuns na população geral, é predominante no sexo feminino e acomete todas as faixas etárias, embora a prevalência em idosos com mais de 65 anos atinja cerca de 15% a 20%, podendo chegar a 50% em idosos institucionalizados.
Embora a obstipação intestinal seja uma condição prevalente e de morbidade importante na população idosa, ainda é abordada de forma simplista. Na verdade, esse sintoma causa grande impacto na vida do idoso. É importante causa de confusão mental aguda (delirium), quedas, infecção urinária, perda de apetite, fraqueza e perda funcional.
O diagnóstico de obstipação intestinal foi definido de acordo com os critérios de Roma III: esforço ao evacuar; fezes endurecidas ou fragmentadas; sensação de obstrução ou bloqueio anorretal; manobras manuais para facilitar as evacuações e menos de três evacuações por semana. A obstipação intestinal é caracterizada pela presença de dois ou mais critérios em no mínimo 25% das evacuações por pelo menos três meses.
Os idosos têm o centro da sede deprimido e o baixo consumo de água pode provocar o ressecamento das fezes, se tornando petrificadas e volumosas (fecaloma), prejudicando sua eliminação. Nesse caso, é necessária irrigação intestinal e até internação. O ideal é a ingesta de líquidos suficiente para manter a boca úmida e o corpo hidratado.
Outro fator importante e diretamente relacionado à presença e agravamento da obstipação é o baixo consumo de fibras. Para os idosos é importante o consumo de uma dieta com fibras, sempre acompanhada de líquidos.
Em relação às doenças intestinais, a obstipação pode estar associada a doença hemorroidária, diverticulose, fissuras anais e câncer colorretal. Doenças neurodegenerativas (demências, Parkinson), seqüelas neurológicas e outras doenças incapacitantes geralmente são acompanhadas de obstipação. Além disso, fatores psicológicos, como depressão, ansiedade e estresse também interferem no hábito intestinal.
Portanto, a obstipação não é um simples sintoma. Especialmente no idoso, tem causas diversas, apresenta alto potencial de complicações e gera grande impacto na qualidade de vida. O geriatra é um médico especialista que sempre aborda a obstipação, avaliando as causas e o tratamento de forma integrada, considerando as alterações próprias do envelhecimento, as doenças, fatores reversíveis e irreversíveis e as interações medicamentosas.
Dra. Eliza de Oliveira Borges
Geriatra
CRM-GO: 14388
RQE: 9751
- Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Goiás;
- Residência em Clínica Médica pelo Hospital de Urgências de Goiânia ( HUGO);
- Residência em Geriatria pelo Hospital de Urgências de Goiânia;
- Titulada em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG);
- Pós – graduação em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamérica / Medicina Paliativa, Buenos Aires- Argentina;
- Preceptora da Residência de Clínica Médica do Hospital Alberto Rassi- HGG;
- Integrante do Núcleo de Apoio ao Paciente Paliativo ( NAPP), Hospital Alberto Rassi- HGG.
- Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Seção Goiás (Gestão 2020 a 2023).
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