Medicamentos anticolinérgicos podem aumentar o risco de desenvolver demência
Um estudo, publicado recentemente no JAMA Internacinal Medicine, sugere que medicamentos com ação anticolinérgica, utilizados para tratamento de transtorno depressivo – ansioso, distúrbios de sono, doença de Parkinson, epilepsia, incontinência urinária e sintomas psicóticos, podem aumentar o risco de demência em cerca de 49%. O estudo revelou uma forte relação entre o uso de anticolinérgicos e o risco de demência em indivíduos acima dos 55 anos.
Alguns dos efeitos colaterais dos medicamentos anticolinérgicos incluem confusão mental e déficits de pensamento e memória. Além disso, pode haver a possibilidade de os pacientes que já tenham manifestado sinais precoces de demência e foram diagnosticados erroneamente com outras doenças, tenham recebido medicações desse grupo, agravando o déficit cognitivo já instalado.
Além disso, indivíduos mais velhos estão mais suscetíveis a esses efeitos colaterais já que a barreira hematoencefálica responsável por bloquear a entrada de algumas substâncias químicas para o cérebro é mais permeável. Também pode ocorrer um efeito cumulativo, devido ao uso de vários medicamentos para controlar doenças crônicas. A polifarmácia e as consequentes interações medicamentosas é muito comum em idosos e responsável por importantes efeitos adversos (confusão mental aguda, déficit cognitivo irreversível, quedas).
Esses estudos são importantes alertas para que os médicos assumam uma prescrição criteriosa e consciente, sempre reavaliando as hipóteses diagnósticas, as indicações de medicamentos, ponderando o risco – benefício e as interações medicamentosas. É essencial que as decisões sejam compartilhadas com o paciente e seus familiares (no caso de pacientes sem condições de tomar decisões) através de uma comunicação clara e assertiva. Estudos como esses não se prestam para proibir a prescrição, mas para contribuir para que ela seja individualizada e mais segura possível.
No caso específico dos idosos, existe um cenário complexo envolvendo o processo de envelhecimento, o uso de medicações e a coexistência de doenças. O Geriatra é o médico especialista que faz uma avaliação ampla e individualizada do paciente idoso, atentando-se às medicações, suas interações e indicações.
Projeto Cuidar
Geriatra
Dra Eliza de Oliveira Borges
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Sobre a Dra Eliza de Oliveira Borges
– Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Goiás;
– Residência em Clínica Médica pelo Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO);
– Residência em Geriatria pelo Hospital de Urgências de Goiânia;
– Titulada em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG);
– Pós-graduação em Cuidados Paliativos pelo Instituto PalliumLatinoamérica / Medicina Paliativa, Buenos Aires- Argentina;
– Preceptora da Residência de Clínica Médica do Hospital Alberto Rassi- HGG;
– Integrante do Núcleo de Apoio ao Paciente Paliativo (NAPP), Hospital Alberto Rassi- HGG;
– Secretária Geral na Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Seção Goiás.