Principais síndromes geriátricas
A saúde do idoso está estritamente relacionada com a sua funcionalidade global, que é a capacidade de cuidar de si mesmo e interagir socialmente. O idoso ativo é aquele que, mesmo na presença de doenças, é capaz de viver de forma independente e autônoma.
O conceito de “saúde” estabelecido pela Organização Mundial de Saúde é definido como o mais completo bem-estar biopsicossocial, cultural e espiritual, e não simplesmente a ausência de doenças. Nessa perspectiva se enquadra a funcionalidade como fator essencial para saúde do idoso, que permite não só a sua integridade física, mas o auto- reconhecimento de um ser humano socialmente integrado.
A capacidade de cuidar de si mesmo é avaliada por meio da análise das atividades básicas de vida diária (ABVDs) e atividades instrumentais de vida diária (AIVDs) realizadas no cotidiano pelo paciente. As ABVDs compreendem atividades rotineiras que reflete a capacidade de cuidar de si mesmo, de ser independente (comer, tomar banho, continência…). As AIVDs compreendem atividades que permitem ao paciente assumir responsabilidades e decisões frente à sociedade, ou seja, exercer a sua autonomia (tomar remédios, usar telefone, manusear dinheiro…).
A cognição é a capacidade mental de compreender e resolver os problemas do cotidiano. É constituída por um conjunto de funções como a memória (capacidade de armazenamento de informações), função executiva (capacidade de realizar tarefas complexas), linguagem (capacidade de compreensão e expressão da linguagem oral e escrita), praxia (capacidade de executar um ato motor), gnosia (capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e táteis) e função visuoespacial (capacidade de orientação no espaço). Além desses domínios, temos a cognição social, que permite o convívio adequado e harmonioso em sociedade, com atitudes proporcionais.
A perda dessas funções resulta em grandes síndromes geriátricas: incapacidade cognitiva, incontinência urinária, instabilidade postural, imobilidade, incapacidade comunicativa e iatrogenia .
Incapacidade cognitiva
A incapacidade cognitiva ocorre quando há o comprometimento das funções encefálicas superiores (atenção, memória, linguagem, comportamento, capacidade de julgamento…) suficiente para prejudicar a funcionalidade da pessoa.
Incontinência urinária
A incontinência urinária (IU) é definida como a queixa de qualquer perda involuntária de urina, seja por urgência, por esforço ou mista. A sua prevalência aumenta com a idade, uma entre três mulheres e um entre cinco homens acima de 60 anos apresentam incontinência urinária.
Instabilidade postural
O comprometimento do equilíbrio e da estabilidade postural afeta diretamente a independência do indivíduo, com predisposição a quedas e suas graves conseqüências. Somadas às alterações naturais do envelhecimento, doenças agudas e crônicas, medicamentos e fatores ambientais são fatores contribuintes para quedas.
Imobilidade
A imobilidade é mais que uma restrição dos movimentos, mas o conjunto de alterações que ocorrem no indivíduo acamado. O paciente restrito ao leito e/ou cadeira de forma irreversível, por diversas causas (demência, trauma, sequela neurológica) apresenta comprometimento progressivo de praticamente todos os sistemas orgânicos (déficit cognitivo, lesões por pressão, obstipação e intolerância alimentar, dificuldade de deglutição, dor crônica, contraturas …)
Incapacidade comunicativa
A incapacidade comunicativa pode ser considerada importante causa de perda ou restrição da participação social, compromete a capacidade de tomada de decisões e afeta diretamente a independência do indivíduo.
Iatrogenia
Iatrogenia é todo efeito adverso indesejável decorrente do uso de um medicamento ou procedimento prescrito e que causa prejuízo para a saúde da pessoa. Em idosos, o risco de iatrogenia é maior, tendo em vista a polifarmácia e suscetibilidade aos efeitos colaterais. Idosos podem apresentar quedas, confusão mental aguda ou perda de memória progressiva, tontura e muitas outros efeitos adversos decorrentes de medicações potencialmente inapropriadas para idosos, impactando na funcionalidade e na qualidade de vida.
Devido às particularidades do envelhecimento, as síndromes geriátricas são uma mistura complexa de doenças e de condições fisiológicas, que tornam o idoso mais vulnerável a complicações. Daí a importância do olhar integral e individualizado do Geriatra.
Dra. Eliza de Oliveira Borges
Geriatra
CRM-GO: 14388
RQE: 9751
- Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Goiás;
- Residência em Clínica Médica pelo Hospital de Urgências de Goiânia ( HUGO);
- Residência em Geriatria pelo Hospital de Urgências de Goiânia;
- Titulada em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG);
- Pós – graduação em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium Latinoamérica / Medicina Paliativa, Buenos Aires- Argentina;
- Preceptora da Residência de Clínica Médica do Hospital Alberto Rassi- HGG;
- Integrante do Núcleo de Apoio ao Paciente Paliativo ( NAPP), Hospital Alberto Rassi- HGG.
- Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Seção Goiás (Gestão 2020 a 2023).
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